Foi decifrado o genoma de um cancro de sangue grave

01-05-2011 11:11

 

Sem quaisquer precedentes, um grupo de investigadores conseguiu traçar o retrato genético global de um tipo de cancro de sangue grave: o mieloma múltiplo, o segundo mais frequente em Portugal e Estados Unidos (após a as leucemias).

    Esta descoberta, revelou que alguns genes, que eram até agora não se associavam a doenças cancerosas, são, afinal, parte dos responsáveis pelo mieloma múltiplo. Quanto a efeitos em termos clínicos deste avanço, estes não estão previstos para já, afirmam os cientistas. “Vai ser necessário muita investigação para perceber se (esses genes) poderão ser bons alvos para medicamentos”, adiantou um dos coordenadores do estudo, Todd Goulb, que dirige o Broad’s Cancer Program, nos Estados Unidos.

     A equipa apresenta os resultados num artigo publicado hoje na revista Nature.

     A doença inicia-se na medula óssea, manifestando-se quando as células plasmáticas se tornam malignas e crescem em número descontrolado, começando a afectar os ossos, sendo que os doentes que padecem desta doença têm uma taxa de sobrevivência de 60% a 70% em, cerca de, mais de seis anos.

    Este esboço do genoma do mieloma múltiplo foi conseguido pelo rastreio a 38 pessoas que sofriam desta doença. De seguida, os investigadores compararam o ADN de cada um dos indivíduos (extraído das suas células normais) com a informação presente nas células malignas, numa tentativa de descortinar as sequências genéticas que apresentavam alterações, alcançando, de tal modo, o objectivo da investigação.

     Algumas das mutações encontradas são muito raras e teriam passado despercebidas caso os cientistas tivessem analisado um número inferior de doentes. Uma das mutações que se compreendeu estar relacionada com o mieloma múltiplo foi a que ocorre no gene BRAF, uma vez que foi descoberta num reduzido número de doentes estudados. Este gene, apesar de nunca associado a esta doença em particular, havia, anteriormente, sido ligado ao cancro da pele mais grave ou do cólon.

     Actualmente estão a ser desenvolvidos medicamentos, dirigidos a este gene, em particular, que já demonstraram acções promissoras no melanoma. Contudo, serão necessários vários novos estudos para se compreender se os efeitos desta mutação poderão ser inibidos.

 

 

Inês Madeira